sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Alternativa(s) ?

Parece que nesta altura o PSD decidiu parar de brincar às birras e retomou as negociações com outro menino mimado, que é o Governo; o Conselho de Estado lá arrancou para discutir os problemas actuais do país (porque os estruturais andam esquecidos algures). Aparentemente temos o fim da crise do OE 2010 à vista. Sim, porque o fim da crise orçamental ainda se encontra, penso eu, bastante longe.


Dou por mim a pensar numa questão que raramente é discutida. Assistimos a críticas de parte a parte, onde neste caso os partidos políticos tentam ganhar vantagem uns face aos outros. Todos dizem que o Orçamento não presta, que não serve as nossas necessidades e que não passa de um PEC III. Contudo, limitam-se apenas a criticar. E alternativas, não há?
O PS apresenta a sua proposta e refere que é "aquela que o país necessita neste momento". Mostra-se pouco confortável com alterações, mas ainda assim revela-se aberto a negociações; o PSD diz que o orçamento "é mau", embora as últimas notícias refiram que o desacordo entre ambos estivesse preso por 230 milhões de euros. Referiu ainda que o mais importante não seria o cumprimento do défice, o que deixaria Bruxelas bastante chateada dado que o Governo se comprometeu com a meta dos 4,6% e, segundo consta, tem mesmo de a cumprir.

Já que os dois grandes partidos não se entendem, poderia proceder-se a uma busca por soluções nas restantes forças políticas com assento parlamentar na Assembleia da República. Todavia, é escusado fazê-lo. CDS, BE e PCP seguem o caminho mais fácil, marcado pela pura crítica e pela falta de propostas concretas.

Visto que ninguém se entende, o Presidente da República vê-se obrigado a trabalhar. Pobre Cavaco, que esteve à beira de cumprir mais mandato imaculado caracterizado por "roteiros" que pouco mais são que excursões restritas onde se come e bebe, para que no meio se dê uma palavrinha à televisão sobre o estado do país, referindo sempre que "confia nos partidos políticos" embora seja visível que os partidos nem uns nos outros confiam. Enquanto tudo isto corre, escasseiam alternativas.

Esse é, sem dúvida, o grande mal. É algo que me faz lembrar muito o programa "Prós e Contras" da RTP1. Decidem falar de um tema, juntam em mesas opostas pessoas muito e pouco favoráveis a esse tema, discute-se cerca de duas horas e quando desligamos a TV ficamos na mesma. Diz-se aquilo que já sabemos mas fazem-no através de sinónimos, para não parecer que estão a dizer sempre a mesma coisa. As alternativas, claro, não surgem.

O Conselho de Estado lá reuniu e o OE acabará inevitavelmente por ser aprovado. Talvez vejamos um mea culpa bonitinho, que fica sempre bem neste tipo de situações, e tudo volta ao normal. A única alternativa será deixar o Governo sem um orçamento aprovado e preparar as nossas estâncias turísticas para receber o FMI.

Mais importante que resolver uma crise é saber evitá-la. Porém, ainda temos muito que aprender acerca de ambas as coisas.


Pedro Paradinha

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