sábado, 20 de novembro de 2010

Portugal é de quem?



Com a ditadura fascista éramos um país tão fechadinho que ficámos atrasados, passados 36 anos de democracia somos um país tão aberto que já nem manda-mos em nós, andamos ao sabor do vento, vento que se chama UE, NATO, OMC, etc.

Hoje o ministro da defesa Augusto Santos Silva veio dizer que ainda não sabe quanto é que Portugal vai pagar pelo escudo de defesa antimíssil, no entanto, já sabe que Portugal vai pagar, não sabe é quanto! O ministro diz que o preço, que ainda não se sabe, vai valer a pena, porque proteger toda a população de uma ameaça compensa, independentemente do custo. Mesmo que Santos Silva não concordasse com isto - e poderá não concordar - o que é que mudaria? Absolutamente nada. Tinha de o dizer, ou ia em plena cimeira da NATO afirmar que o escudo antimíssil não faz falta a Portugal, pelo menos para já, que se vive uma época em que a população está sujeita a um esforço tremendo, ia? Claro que não!
Não quero tomar nenhuma posição em relação à participação de Portugal na compra do escudo anti-míssil, quero apenas alertar que o nosso país está progressivamente a perder soberania enquanto estado-nação, muito por causa da adesão a certas organizações que de democráticas têm pouco, são imperialistas, servem os interesses dos países que têm mais poder dentro de si, é escusado nomeá-los, e rebocam os pequenos países a seguir as mesmas medidas, não têm outra alternativa.
Faz-se um OE, e obrigatoriamente temos de o levar aos senhores da Europa para o corrigirem. Estamos endividados até ao pescoço por causa da crise que não provocámos, vem cá a China “ajudar-nos”, agora vamos ter de obedecer a mais uma potência como se já fossem poucas. Eventualmente chegará o FMI, mais um bicho que vem impor as suas regras aos portugueses. Portugal está a deixar de ser dos portugueses, parece uma loja quando é “trespassada”, até Timor, um dos países mais jovens do mundo, com cerda de 1 milhão de habitantes, se tornou num eventual comprador da divida portuguesa.

Vida difícil terão os políticos que irão herdar este cenário, causado nos últimos anos pelos cegos que queriam acompanhar a toda a força o crescimento europeu, não prevendo o custo que Portugal está hoje a pagar, tornando o país num satélite dominado pelos grandes do ocidente, e não só. Nas grandes questões, os políticos portugueses são agora uns meros mensageiros.


Francisco Esteves

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