quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os gays também ja fazem provocações

No domingo passado o papa visitou Barcelona e teve uma recepção onde os habituais fiéis que estavam presentes foram ofuscados pela histérica manifestação de 200 gays, que decidiram receber o papa com um beijo colectivo e muito intenso, para além das manifestações verbais, foi absolutamente desnecessário! Ainda para mais em Espanha, país onde pessoas do mesmo sexo se podem casar desde 2005.

 
Os gays invadiram completamente o espaço de uma instituição que, supostamente, nada tem a ver com a sua vida social – sim, a igreja condena a homossexualidade, e então? Têm de os aceitar moralmente? Claro que não – e politicamente, apesar de fazer força, a igreja não tem conseguido contrariar as conquistas que têm vindo a ser conseguidas pelo movimento gay, em diversos países, mais nuns do que noutros, mas ainda bem que têm acontecido!
A Igreja e a homossexualidade não se devem querer sobrepor, e parece-me obvio que a sua conjugação é e será impossível, portanto, desrespeitar do espaço da igreja por parte dos gays, e vice-versa, não faz qualquer sentido e não existe nenhum objectivo realizável, os gays não irão fazer parte da Igreja e a Igreja não deixará de condenar a homossexualidade!
É bom que a comunidade gay se lembre que ainda há pouco tempo eram oprimidos, e vivam em condições desiguais para com os casais heterossexuais de todo o mundo – hoje são reconhecidos legalmente em cerca de 40 países, quer por casamento ou por união de facto -, e esta tentativa de passagem de oprimido a opressor, desrespeitando a posição de uma religião e provocando o seu líder é completamente desastrosa.
Não quero aqui de forma alguma defender a Igreja, muito menos a sua posição em relação à homossexualidade, e o combate que esta instituição tem vindo a fazer à homossexualidade é também despropositado, internamente está vinculado que não é aceite, até aí tudo bem, mas há que perceber que o poder da religião na construção da sociedade civil no ocidente (excepção feita à Itália do triste Berlusconi), tem vindo a ser reduzido, caminhando para zero, como uma democracia laica deve ser.  

Partindo do princípio ingénuo que esta atitude dos gays tinha como objectivo reivindicar a homossexualidade e combater a homofobia, foi definitivamente o pior cenário escolhido, a manifestação tornou-se numa falta de respeito, numa pornografia gratuita e nojenta. Trabalhem para mudar a opinião das pessoas enquanto indivíduos que partilham valores universais e não enquanto crentes que se concentram num ritual religioso. Do mesmo modo que a Igreja precisa de perceber o seu espaço, adaptar-se, aceitando o seu novo papel na sociedade e parar de perder tempo tentando resgatar o poder que outrora detinha.
Numa sociedade há um conjunto de barreiras morais que não devem ser quebradas e invadidas por algo estranho, para que tudo funcione da melhor maneira. A liberdade de cada um acaba no momento em que começa a liberdade do outro.

Francisco Esteves

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