segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lula da Silva


Lula da Silva nasceu em 1945, no seio de uma família com muito poucos recursos, com 21 irmãos, 12 da mãe e do pai, e 10 do pai e de outra mulher, naturalmente que não sobreviveram todos. O pai nem sequer o incentivava a estudar, preferia que fosse trabalhar, queria que fosse assim com todos os filhos. Lula foi alfabetizado e aos 7 anos começou a trabalhar, vendia laranjas no cais.
            Enquanto aos 7 anos vendia laranjas, um seu contemporâneo português, Freitas do Amaral, ensaiava discursos políticos com os mesmos 7 anos, em frente da sua família, todas as semanas. Preparava-se para assumir uma carreira política, enquanto Lula da Silva jamais passaria de um operário. 
            Passados mais de 50 anos, vemos que as carreiras profissionais destes dois indivíduos foram ambas na política, apesar de nada o fazer prever, Lula da Silva contrariou todas as probabilidades e chegou onde muito pouca gente chega, e conseguiu ser muito melhor político que Freitas do Amaral, se é que pode haver alguma comparação.

            Lula mostrou ser um Presidente do povo. Uma história de vida humilde mas honrada, em que a experiência de vida substituiu a formação académica e criou uma imagem de credibilidade num país tão afectado pela corrupção. Uma vida feita de lutas e conquistas sindicais indicaram-lhe o caminho para o seu primeiro diploma, como o próprio disse: «o diploma de Presidente do meu país», mas apenas quando encontrou no seu discurso e forma de encarar o mundo um ponto de equilíbrio na sua visão de esquerda radical, que se tornou numa esquerda ponderada e adaptada às condições no Mundo actual e do próprio Brasil.
            Os dois mandatos de Lula ficaram para sempre marcados como a época em que o Brasil disparou como potência mundial, prova disso é a presença no G20. Consequência da política do executivo de Lula ou força de uma evolução normal de um país com tantas potencialidades? Certamente um pouco dos dois, o que não deixa de ser verdade é que Lula mais do que estar no lugar certo à hora certa, soube aproveitar as condições favoráveis que tinha e lutar contra algumas adversidades, que tal como na sua vida pessoal, minaram a caminhada do Brasil.  E hoje conhecemos um Brasil a que poderíamos chamar o Brasil de Lula, fruto da forma carismática e da personalidade forte com que este comandou os destinos do país.

            Por fim, e um pouco à parte de Lula da Silva, referir duas coisas sobre o Brasil, que mostram a ambiguidade do país e ao mesmo tempo se tem sinais de clara evolução, ainda tem outros que deixam muito a desejar. Se no facto de terem elegido Dilma Rousseff é de louvar o passo democrático de eleger uma mulher, na eleição de Tiririca como deputado federal ainda mostra a forma um pouco leviana e até inconsciente como a população, sobretudo a mais pobre, da qual ainda parte considerável analfabeta, encara as questões políticas.


O Elephante

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